Amanda Muller
5 min readApr 10, 2018

Normalmente o que vem como resposta é uma frase automática e sem personalidade. Hoje decidi pensar sobre o que me inspira de verdade, o que me faz ficar com os olhos cheios d’água e me faz sentir que estou fazendo a coisa certa.

É difícil encontrar a resposta para esta pergunta, mas por hora estou feliz com o que tenho nas mãos. O que me inspira é o sorriso, a alegria no olhar. O que isso quer dizer? Amo o surpreendente, o extraordinário mesmo no dia a dia ordinário. Pessoalmente falando, amo surpresas. Nunca pelo valor monetário delas, mas sim pela sensação que uma surpresa desperta. Muitas vezes o premio final que a surpresa traz nem é o que mais importa, o que mais importa é o caminho trilhado. Se você está fazendo aniversário e ganha uma festa surpresa, nesta festa pode ter bolo, docinhos, presentes, balões, o grande prêmio é o momento, não as coisas que estão fisicamente no local, mas sim as pessoas que lembraram de você e quiseram comemorar o simples fato de você estar vivo. Um presente surpresa não é valioso pelo quanto ele custa, mas sim pelo momento que ele proporciona. O pacote de presente também faz parte da magia, porque mesmo que sua mãe fale: “comprei uma camiseta pra você.” você já sabe que é uma camiseta, mas se vem em um pacote de presente, dá aquele sentimento gostoso de “estou ganhando um presente.” e esse sentimento pode se estender para outras ações tomadas na vida.

Esse sentimento de “ganhei um presente” ou “estou dando um presente” é o que me inspira. Em tudo na vida. Dês de fazer um almoço gostoso para alguém que amo, até fazer festas surpresa para todas as minhas amigas quando elas fizeram 15 anos. Já não era mais surpresa depois da primeira, mas o fato de ter todas gritando “Surpreeeeeesa. Parabéns pra você…” era mágico. E eu sei que todas elas se sentiram especiais naquele momento, porque eu me senti assim quando meu aniversário chegou. Eu sabia que a tradição da surpresa estava criada e eu também sabia que eu era quem organizava tudo, mas eu não sabia se elas iam mesmo lembrar de mim e eu fui mesmo pega de surpresa. Eu estava dormindo, de pijama e elas chegaram. Isso foi a 10 anos e ainda me enche os olhos de água, ainda me causa aquele sentimento gostoso de saudade, felicidade e o sentimento de “ganhei um presente”.

Ok, esses exemplos demandam um esforcinho, mas e os post-its? Vou explicar melhor, eu sempre tenho comigo muitos post-its, na faculdade, em casa, no trabalho. E tem uma coisa que eu amo fazer, que é colocar post-its divertidos na mesa dos meus colegas de trabalho e amigos. Se vejo que algum deles está pra baixo, só deixo um post-it com a frase: “Você ganhou um vale sorriso, pode sorrir quando quiser.” ou “Dá um sorrisinho, não vai doer.” e pode parecer estupidez, mas não é. Até hoje recebo fotos de colegas de trabalho que já saíram do meu convívio a alguns anos com algum dos post-its que deixei. Eles nunca são ofensivos, são sempre amigáveis e eles também se tornam virais. Quando vejo, as pessoas começam a fazer post-its umas para as outras com recadinhos divertidos e isso é lindo de ver.

Eu sou programadora, desenvolvedora, como preferir chamar e no nosso setor, teve uma vez que deixei um post-it com “a estrelinha da publicação” na mesa de um dos meus colegas porque naquele dia ele tinha feito uma publicação que subiu com um bug (bug é aquele erro que dá em algum programa de computador) e depois disso, esse mesmo post-it passeou pela mesa de todos que cometeram esse mesmo erro. Ajuda a descontrair o momento tenso e a culpa que o desenvolvedor invariavelmente sente quando comete um erro ou quando gera um bug inesperado. Outro exemplo feliz dos post-its foi o começo do meu relacionamento, ele era meu amigo e eu vivia deixando post-its na mesa dele, sem intenção nenhuma, sem pretensão nenhuma a não ser fazer ele sorrir. Resultado disso: até hoje, mais de dois anos depois do começo dos post-its, eu chego em casa depois de uma viagem, depois de um dia cansativo ou no meu aniversário e ele colocou dezenas de post-its espalhados pra me fazer sorrir.

Outro ar de inspiração que ainda me mantém firme e forte na faculdade de Engenharia da computação, que achei que seria mais tranquila, mas não está sendo é poder construir pequenos sistemas independentes que podem ajudar alguém. De novo, fazer alguém sorrir. Como? Braços robóticos que podem ajudar alguém a usar uma mão emprestada, cadeiras de roda automáticas que podem ajudar as pessoas diminuindo o esforço delas, ou ainda menos complexo que isso, carrinhos autônomos que podem andar sozinhos para executar alguma função. Esse é o propósito, isso é o que me inspira.

Acordar sem ânimo ou sem vontade de fazer alguma coisa acontece com todo ser humano, o que disser o contrário está mentindo, para os outros e para si mesmo. E está tudo bem acordar assim. Só que a vida precisa desse sopro de alegria, dessa inspiração que cada ser humano carrega consigo. Cada um têm uma inspiração diferente, cada um tem um propósito, um sonho, vontades, nenhum ser humano é igual ao outro, mas todos temos isso em comum, precisamos nos sentir inspirados para dar o melhor que temos de nós. Alguém que não está inspirado pode ter todo conhecimento necessário, pode ter toda a habilidade necessária, mas ainda assim, não vai desempenhar o melhor que pode naquela ação.

Um dia desses eu li em algum lugar que os seres humanos são plantinhas com emoções complicadas. Precisamos de água, nutrientes e luz. Não só da luz do sol, mas da luz que cada um têm dentro de si. Precisamos de clareza e lucidez para entender onde podemos melhorar e como podemos nos tornar luz para o outro e quando nos tornamos luz para o outro, iluminamos nós mesmos. Então, fazer pelo outro também é fazer por si mesmo. Se isso não é inspirador, não sei o que é.

Amanda Muller
Amanda Muller

Written by Amanda Muller

Engenheira de software, apaixonada por tecnologia. Amo arte, amo conhecer lugares novos e viver viajando é o que me motiva todos os dias.

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